
Outubro foi escolhido para ser o mês de celebrar a família pela a Harper’s Bazaar Espanha. Com quatro capas lindas, que celebram de diferentes maneiras, a família – a edição ainda conta com entrevistas com as estrelas da revista: Cristina e Victoria Iglesias e Candice Swanepoel.
A modelo, empreendedora e mãe conversou com a edição espanhola da Harper’s Bazaar sobre sua infância na África, como lida com o ódio das redes sociais, maternidade e sobre ser embaixadora da ONG Mothers2Mothers. Confira a entrevista traduzida abaixo:
Para Candice Swanepoel (Sul da África, 1988), sua infância agora parece “como um conto de fadas ou um sonho que tive há muito tempo”. Pouco tem a ver sua vida atual como supermodelo e mulher de negócios com a paz de crescer em uma fazenda em Zuzu-land incutida nela.
“A vida parecia tão simples e pura! Eu sei que sou muito sortuda de ter essas memórias”, ela conta com certa nostalgia para Harper’s Bazaar. Foi ali, em um mercado de pulgas, onde a descobriram aos 15 anos. Entretanto, ela ainda não tinha muita certeza sobre o que queria da vida até que, após sua primeira sessão de fotos, algo havia encaixado. “Havia feito balé desde pequena e se mover na frente frente da câmera veio naturalmente para mim. Ao terminar, eu falei pra minha mãe: ‘mãe eu quero me dedicar a isso'”. Desde então, inúmeros desfiles, capas e campanhas a levaram a ficar no topo entre as modelos mais bem pagas do mundo. Quinze anos de carreira que se resume em uma palavra, “Resiliência”, e que foram marcados, especialmente, por seu contrato para Victoria’s Secret em 2007. “Para ser sincera, na época eu não sabia o impacto que a marca teria na minha vida. Mas desde o primeiro momento, eles me fizeram sentir como em uma família com as outras modelos e a equipe, e isso foi muito reconfortante depois de dois anos viajando sozinha, tão jovem”, confessa.
Poucos dias antes desta entrevista, Swanepoel deu tudo de si mesma para esta sessão de fotos. Literalmente: não apenas posou nos telhados de Manhattan, mas também teve a infinita generosidade de fazê-lo com seus dois filhos para comemorar este grande número de família. “Não ache que foi fácil fazer eles ficarem parados e olharem para a câmera … Eles posaram apenas quando queriam e, se eu perguntasse, eles faziam o contrário!”, lembra ela divertida. “Mas acho que conseguimos fotografar momentos muito doces, não é?”. Anacã, 4 anos, e Ariel, 2, são fruto de um relacionamento com seu ex companheiro, o modelo brasileiro Hermann Nicoli. Com eles, ela diz, ela aprende diariamente coisas sobre si mesma que ela não sabia. E embora ser uma supermodelo e uma supermãe ao mesmo tempo exija uma dose extra de malabarismo, Candice se sai bem: “Nem sempre é fácil, mas a chave está nas prioridades e na gestão pessoal de tempo. Você tem que fazer o melhor que puder sempre, dentro de suas circunstâncias”, diz ela convencida.
É por conta das inúmeras viagens e do horário de trabalho louco, que muitas vezes tem sido questionado se ambos os conceitos são compatíveis. Além disso, no aspecto físico, ainda há quem considere um escândalo que um top não possa mudar seu corpo. Felizmente, mulheres como Swanepoel lutam contra pensamentos tão arcaicos quanto esse: após o nascimento de Ariel, alguns paparazzi a fotografaram na praia, de biquíni, e ela recebeu inúmeros comentários depreciativos. Tantos, que ela não hesitou em colocar os pontos nos i’s em um post no Instagram: “Essa sou eu 12 dias após o parto. Se você tem algo ruim para dizer, faça você mesmo ver isso. Padrões de beleza são impossíveis para mulheres hoje em dia e não tenho vergonha do meu corpo pós-parto. Além do mais, estou orgulhosa. Carreguei meu filho nove meses ali, então acho que é meu direito ter uma barriguinha”, defendeu. Ter trabalhado com moda a tantos anos, diz ela, a ensinou a ser mais forte: “Nem todos vão gostar de você, e nem nada vai acontecer. Se alguém me mostra ódio, isso não é sobre mim; é algo com que eles têm que lidar com eles mesmos”.
Sua maternidade também acordou seu desejo de ajudar outras mães com um destino diferente do seu. Anos atrás, Candice colaborou como embaixadora com a associação Mothers2Mothers, da qual ajuda mulheres africanas e suas crianças provendo a elas uma melhor saúde, futuro e lutando contra a AIDS. “Eu sou da África, então eu cresci vendo muito sofrimento para esta doença e sempre quis ajudar de alguma forma. Ao me tornar mãe, esta organização realmente me atingiu”, explica ela. Mais uma faceta desta mulher imparável que, desde 2017, também se tornou empresária da sua própria marca de moda praia sustentável, Tropic of C, que começou com a memória que ela tinha de fazer o seu próprio biquíni quando menina com os restos de roupa de lycra de sua mãe. Com isso ela reinventou sua carreira sem parar com o que a cativou há quase duas décadas: a modelagem. Claro, daqui a 10 anos, ela se imagina encontrando aquela calma com a qual hoje idealiza sua infância. “Na praia ou no campo, vendo meus filhos maravilhosos crescerem e se tornarem adultos e mantendo meu lado criativo de alguma forma”.
Fonte: Edição de Outubro da Harper’s Bazaar Espanha | Tradução e Adaptação: Candice Swanepoel Brasil.