
A edição de Novembro da Vogue Brasil trouxe de volta as capas brasileiras nossa modelo predileta, Candice, em um lindo editorial na cobertura do Hotel Fasano clicado pelos fotógrafos Mert&Marcus (você pode conferir clicando aqui). Além disso a revista ainda trouxe uma surpresa: uma linda matéria, escrita em Português pela pela própria Candice, onde ela conta o porque de ter escolhido o Brasil para o nascimento de seu filho, sua experiência com a gravidez e o parto humanizado. Confira abaixo:
Mãe Natureza
Nunca sonhei ter filhos até os 25 anos, quando comecei a sentir um desejo muito forte de ser mãe, de cuidar e amar alguém. Quando nós, mulheres, chegamos a certo momento de nossa existência, o corpo parece pedir por isso: gerar uma nova vida.
Eu já namorava desde 2005 o Hermann (Nicoli, modelo Brasileiro), que conheci em Paris quando nós dois estávamos no início da carreira. Fui ao Brasil pela primeira vez no ano seguinte e fiquei apaixonada. Tive lindas experiências no País desde meus 17 anos, por isso resolvemos ter nosso primeiro filho aqui. O fato de eu falar português fluentemente também ajudou na decisão – caso contrário, seria muito difícil me comunicar nesse momento tão particular. A minha alma e minha energia estão sempre em paz quando estou no Brasil.
Queria muito que o parto fosse natural, então me concentrei e treinei bastante para que isso pudesse acontecer. A gravidez, para mim, foi algo inexplicável, um momento mágico. Eu sei que é diferente para cada pessoa, mas amava a sensação do bebê mexendo na minha barriga. Até hoje, olho para o meu filho e tento relembrar aquele sentimento.
Quando completei três meses de gestação, decidi parar de trabalhar. Queria dedicar meu tempo a tudo o que viria pela frente, entender o que estava acontecendo dentro de mim. Comecei a pesquisar para saber como o bebê estava evoluindo com o passar dos meses. Sonhava muito com ele, imaginava seu rosto, cantava para ele, conversava com ele…
Aí vinham os pensamentos sobre o parto. Eu estava em Nova York, mas queria que meu filho nascesse no Brasil. Queria ficar perto da natureza, do mar, do arroz e feijão. Com cinco meses de gestação, cheguei a Vitória, no Espírito Santo, onde a família do Hermann mora, e fui logo procurar um médico. Naquele momento, conheci a dra. Jaqueline Alvarenga. Ela era calma e carinhosa, além de ter uma energia que me deixava tranquila.
No Brasil, em torno de 60% dos partos são cesáreas. Por isso, eu sabia que precisava procurar uma equipe que realmente pudesse e quisesse me ajudar a ter um parto natural e humanizado. Infelizmente, muitos médicos optam pela cesariana porque os partos normais podem levar mais tempo. Claro que a cesárea é importante, mas ela foi concebida para situações específicas, para resguardar a vida da mães em casos de risco ou quando o bebê realmente precisa.
Em partos humanizados, uma das práticas comuns é ter uma doula – mulheres que dão suporte físico e emocional às mães antes, durante e após o nascimento do bebê. A minha foi Letícia Rios, do grupo Gesta Vida, de Vitória. Ela me acompanhou durante todo o processo e me ensinou exercícios e técnicas de como, por exemplo, o passo a passo para o momento de dar à luz, da amamentação, e tudo mais.
Também fiz pilates e participei de palestras para gestantes em um programa voltado para o parto humanizado. A preparação tem que ser física, mas também espiritual. Foi muito bom conhecer outras grávidas e fazer amizade com mulheres de vidas tão diferentes umas das outras. Era um lugar em que o grupo podia falar sobre tudo e receber apoio. Quando finalmente chegou a hora, eu me sentia pronta. Hermann também me deu um suporte incrível e estava presente no parto. O tempo foi passando e, quando vi, minha gravidez tinha completado 42 semanas. O último mês foi muito desconfortável. Minha barriga estava enorme e eu, ansiosa para o parto, para conhecê-lo e começar essa nova fase.
No dia 4 de Outubro de 2016, às 2h30, senti as contrações começarem. Fiquei entre o chuveiro e a cama, meditando até minha doula chegar. Só ao meio-dia fui para o hospital. Anacã nasceu às 17h30, na banheira de lá. A água quente me ajudou no processo. Foram 15 horas que valeram cada segundo. Ele chegou direto para os meus braços.
A gravidez me deu uma força e um sentimento de responsabilidade que fizeram desaparecer qualquer medo. Sabia que as dores das contrações seriam para trazer meu filho para mais perto de mim. Olhar para o rostinho dele foi um momento esperado e intenso na minha vida. Estava tão feliz de ter sentido tudo aquilo, a natureza é perfeita!
Nós somos muito mais fortes do que imaginamos. Por isso, hoje, desejo que todas as mulheres possam ter um parto lindo e marcante. Quero ter mais filhos e eles virão ao mundo da forma mais natural que eu conseguir.
Fonte | Edição de Novembro da Vogue Brasil